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"Fisicamente impossível", diz especialista sobre 2,1 milhões de pessoas em show de Lady Gaga no Rio |
A controvérsia sobre o número de participantes no show gratuito de Lady Gaga em Copacabana, Rio de Janeiro, ganhou nova dimensão após especialistas contestarem os dados oficiais. A Prefeitura do Rio inicialmente projetou 1,6 milhão de pessoas - número idêntico ao divulgado para o show de Madonna no ano anterior - mas posteriormente anunciou 2,1 milhões de espectadores.
A professora Mariana Aldrigui, especialista em turismo da USP, confronta enfaticamente esses números. Segundo ela, monitoramentos com drones revelam que o número oficial supera oito vezes a capacidade real do local. O estudo do Datafolha estabelece um limite máximo de 1,2 milhão de pessoas para a extensão total de Copacabana (4,5 km).
A análise técnica demonstra que a densidade máxima possível seria de 6 pessoas por metro quadrado, resultando em aproximadamente 1 milhão de espectadores. Os números oficiais sugeririam uma densidade de 18 pessoas por metro quadrado - uma impossibilidade física, especialmente considerando que vídeos do evento mostram pessoas dançando e se movimentando livremente.
A questão dos números inflacionados levanta preocupações sobre contratos de patrocínio e marketing. Eventos anteriores, como o show de Rod Stewart em 2023, também apresentaram números questionáveis, com alegações de 3,5 milhões de participantes. Márcio Moretto, do Monitor do Debate Político do Cebrap, aponta para um padrão de superestimação quando não há metodologia transparente.
Análises mais precisas, baseadas em imagens aéreas do evento, sugerem números significativamente menores. A área entre o Copacabana Palace e a Praça do Lido comportaria, no máximo, 791 mil pessoas com alta densidade (7 pessoas/m²). Considerando o espaço necessário para movimento, o número mais realista seria próximo a 500 mil pessoas.
Os especialistas enfatizam que não se trata de diminuir o sucesso do evento. Com meio milhão de participantes, incluindo 20% de turistas, o show representa um feito notável para qualquer cidade turística. A precisão nos números é essencial para planejamento futuro e análises mais acuradas do impacto turístico e econômico desses eventos.
A falta de transparência na metodologia de contagem e a ausência de evidências como imagens aéreas completas levantam questões sobre a credibilidade dos números oficiais e seus possíveis impactos em futuros contratos de patrocínio e investimentos públicos.